Ser Integral: O QUE É MEDITAÇÃO?

Um conto Zen:

“Um mestre perguntou para seu discípulo novato como ocorrera a sua experiência na meditação.
O discípulo respondeu:- Mestre, eu fui envolvido pelo arco-íris, arrebatado pela luz divina e senti a presença do próprio Buda!

Ao que o mestre respondeu: - Fique tranqüilo, meu filho, isso vai passar!”

Meditar é estar no presente, não no passado saudoso e nem no futuro, ansioso pelas coisas que virão, é estar no aqui e agora.

Não é se deixar levar pela imaginação e desejos com o propósito de que estes se realizem, como sugerem alguns. Meditação nada tem a ver com desejos, lutas ou objetivos.

A meditação é amoral, não faz distinção de raça, classe social ou religião. Qualquer pessoa pode meditar.

A meditação encontra-se no meio de dois pólos: a concentração e a contemplação através da atenção.

É a atenção na atenção.

Há várias técnicas de meditação. Algumas delas consistem em simplesmente esvaziar a mente de pensamentos, focar a mente em um único objeto ou mantra e não se apegar a nada; outras buscam o contato com o “divino” que eu prefiro chamar de “inteligência cósmica”, ficando ao critério de cada praticante, sendo a meditação isenta de conotações religiosas ou de fé.

Tem a técnica de se meditar diante de uma parede branca para que a sua mente fique tão branca quanto a parede, limpa, vazia de pensamentos. Pode-se também concentrar-se em um mantra (palavras sagradas), ou mesmo em uma visualização específica (Budha, Jesus, Cores, etc.).

Embora tenha sido muito associada ao desenvolvimento espiritual ou religioso, hoje em dia a meditação é muito estudada cientificamente, o que a vem desnudando de sua roupagem esotérica. Por esse aspecto, eu gosto de defini-la como um elemento neutro ao qual se pode emprestar qualquer significado, como a tela branca do pintor, a partitura vazia do musicista, a base neutra à qual o chefe de cozinha dá o seu sabor.

"A meditação não é algo novo. Você veio ao mundo com ela. A mente é algo novo. Meditação é a sua natureza, é o seu próprio ser." Osho

Por que meditar?

O maior benefício que se pode alcançar com a meditação é o autoconhecimento e o desenvolvimento do nível da consciência. Nada tem mais valor do que isso. Entretanto muitos são os acréscimos que a prática fornece.

Podemos listar os seguintes

Benefícios medicinais:

Cérebro:

Pessoas que meditam há bastante tempo apresentam maior volume da massa cinzenta no córtex orbitofrontal, associado ao raciocínio, e no hipocampo e tálamo, vinculados ao processamento das emoções, o que explica porque os praticantes alcançam níveis mais altos de concentração e lidam melhor com o s sentimentos.
A memória visual se refina, fazendo da meditação uma ferramenta no tratamento de doenças relacionadas à perda de memória: Alzheimer

Distúrbios Psiquiátricos:

A prática da meditação mostrou-se eficaz no tratamento a longo prazo da depressão. Ela ajuda a evitar recaídas e melhora a qualidade de vida.
Meditar reduz sensivelmente o stress e a ansiedade.
A meditação é um recurso eficaz no tratamento do transtorno de hiperatividade e déficit de atenção.
Seu uso regular combate a insônia.
Há indicativo de eficácia no tratamento de mulheres com distúrbios alimentares: bulimia, anorexia e compulsão por comida.
Ajuda no combate à dependência de drogas.

Músculos, tendões e articulações:

Apenas 20 minutos de prática a cada três dias pode reduzir a dor nessas estruturas.
Os benefícios são estendidos aos portadores de artrite reumatóide. A melhora da condição emocional dos doentes diminui, indiretamente, a inflamação.

Coração:

Pacientes com doença coronariana que meditam tem 48% menos chances de morrer de infarto.
Equilíbrio da pressão arterial.

Sistema imunológico:

O método ajuda no fortalecimento do sistema de defesa do organismo como conseqüência da diminuição do stress que ele promove. Quanto menor a tensão, melhor a atuação do sistema imunológico.

Envelhecimento:

A ação na redução de processos inflamatórios, que são sabidamente associados ao envelhecimento precoce das células, provoca o adiamento do envelhecimento.

Câncer:

Está provado que a meditação atenua significativamente os efeitos colaterais da quimioterapia.
Também reduz a dor provocada pela doença.

Benefícios na vida pessoal e profissional:

Autoconhecimento
Aumento da auto-estima
Maior poder de atenção e concentração
Estimulação da memória
Aumento da criatividade
Equilíbrio emocional
Melhora nas relações interpessoais
Mais alegria na rotina diária

PESQUISAS

É grande a profusão de pesquisas que apontam os resultados benéficos da meditação:

Após compararem o cérebro de 22 meditadores com 22 pessoas que nunca meditaram, descobriu-se que os praticantes possuem algumas estruturas cerebrais maiores do que as dos não praticantes, especificamente o hipocampo, tálamo e córtex orbitofrontal. As duas primeiras estão envolvidas no processamento das emoções, e a terceira região no raciocínio.

Estudo realizado na Universidade da Califórnia, nos EUA, e publicado na revista científica “NeuroImage”.

Pesquisadores constataram que a prática melhora significativamente a memória visual o que transforma a técnica em um potencial instrumento para complementar o tratamento de doenças que prejudiquem a memória, como o mal de Alzheimer. Estudo realizado na Universidade George Mason, publicado na “Psychological Science”.

No Instituto do Cérebro do Hospital Albert Einstein, aqui no Brasil, foram fotografados cérebros de 100 voluntários pela técnica da ressonância magnética, antes e depois de um retiro de uma semana para práticas diárias de meditação. Observou-se na análise da primeira amostra que as áreas ligadas à atenção como o córtex pré-frontal e o cíngulo anterior ficaram mais ativadas após o treinamento. As regiões cerebrais eram observadas enquanto os voluntários realizavam testes para medir o quanto estavam atentos. Houve um número maior de acertos e mais velocidade nas respostas após a meditação.

Um estudo feito na Universidade de Brasília na área da oncologia constata que a meditação reduziu os efeitos colaterais da quimioterapia, como náuseas, vômitos, insônia e inapetência.

Na área das doenças mentais, uma pesquisa feita na universidade de Exeter, na Inglaterra, demonstrou que a meditação é uma opção para auxiliar no controle da depressão, enquanto que nos EUA, Universidade George Washington, provou-se que a técnica é uma grande aliada no tratamento de crianças com transtorno de hiperatividade e déficit de atenção. Há ainda evidências de benefícios na luta contra transtornos alimentares como bulimia e dependência de drogas: conclui-se que a meditação relaxa os dependentes e os torna mais fortes para resistir à vontade de consumir drogas.